Com apenas 12 anos, o menino Júlio César, que já tem nome de craque, alimenta um sonho, comum a milhares de garotos brasileiros: ser jogador de futebol profissional e comprar uma casa para os pais. Um sonho que pode começar a virar realidade a partir deste domingo (18).
Mostrando seu potencial no gramado do Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, onde já jogaram ídolos como Neymar, Ronaldinho Gaúcho e o paraense Paulo Henrique Ganso, o garoto Júlio César conseguiu ser um dos 33 selecionados na Copa Pro Paz, que pela manhã levou 160 crianças e adolescentes atendidos pelo Programa Pro Paz ao estádio, para serem avaliados pelas comissões técnicas (os “olheiros”) dos três mais tradicionais clubes de futebol do Pará – Remo, Paysandu e Tuna Luso.
Júlio César, que participa das atividades educativas e de inserção social no Polo do Pro Paz na comunidade Riacho Doce, no bairro do Guamá (em Belém), vai treinar no Clube do Remo. O menino, que cursa a 4ª série do ensino fundamental, joga na posição de atacante. E é com a mesma garra com que entrou em campo para conquistar o direito de treinar em um clube de expressão que Júlio César pretende se profissionalizar, para ajudar a melhorar as condições de vida da mãe, que trabalha como manicure, e do pai, que é segurança.
Promovida pelo governo do Pará, por meio do Pro Paz, com apoio das Secretarias de Estado de Esporte e Lazer (Seel) e de Comunicação (Secom), e da Fundação de Radiodifusão do Pará (Funtelpa), a Copa Pro Paz proporcionou a 160 meninos atendidos pelo programa a oportunidade de mostrar suas habilidades esportivas e jogar em um estádio do porte do Mangueirão.
A programação, realizada em uma manhã que dificilmente será esquecida por eles, foi aberta às 8h, com a execução do Hino Nacional. Perfilados em campo, os meninos ouviram as orientações dos monitores do Pro Paz e foram divididos em equipes, que disputaram partidas de 20 minutos cada.
Tudo sob o olhar atento dos pais e de outros familiares, que acompanharam o torneio das cadeiras do estádio, vibrando e incentivando os atletas a cada jogada.
Compromisso social - A coordenadora do Pro Paz, Isabela Jatene, informou que mais de duas mil crianças e adolescentes fizeram a pré seleção, nos quatro polos do Pro Paz, e 160 acabaram participando da Copa.
Com o torneio, segundo Izabela Jatene, os clubes tiveram a oportunidade de “mostrar o enorme compromisso social que têm. O governador Simão Jatene vem dizendo sempre que a contrapartida social dos clubes é abrir as portas para essas crianças e adolescentes, que dificilmente teriam essa chance”.
Os membros das comissões técnicas dos clubes também chegaram cedo ao Mangueirão. Integrante da equipe do Paysandu, o técnico Nad, que já treinou o time profissional do “Papão da Curuzu”, considerou a Copa Pro Paz importante, por ajudar a revelar talentos “que estão escondidos, e não têm condições de sair de casa para fazer uma avaliação”.
Segundo Nad, “qualquer garoto tem o sonho de ser jogador de futebol profissional. Um projeto como esse pode oferecer essa oportunidade, que ajuda não só a eles, mas também aos clubes”.
O diretor da Tuna Luso, Luís Jansem, concordou com Nad, e acrescentou: “A Tuna Luso já é formadora de craques. Revelamos o Giovanni e o Paulo Henrique Ganso, e uma copa como essa vai nos ajudar a revelar um novo craque para o futebol brasileiro”.
O técnico do Sub 20 do Clube do Remo, Edmilson Melo, ressaltou a importância da iniciativa, que faz parte da contrapartida social dos clubes que assinaram, com o governo do Estado, o contrato de transmissão do Campeonato Paraense em 2012. Edmilson Melo disse esperar que, agora, os 11 jogadores escolhidos pelo Remo não meçam esforços para garantir as conquistas, para eles e para o clube.
Preliminar do Re x Pa - O vice-presidente da Federação Paraense de Futebol, José Ângelo Miranda, representou a FPF no torneio, e também disse ter ficado muito feliz com a iniciativa. Ele aproveitou para anunciar que os 33 escolhidos pelos clubes já têm um compromisso com a torcida paraense. Todos disputarão, no próximo domingo (25), uma partida preliminar ao maior clássico do futebol paraense, o Re x PA (Remo e Paysandu), no Mangueirão, para mostrar aos torcedores paraenses o alcance social do programa Pro Paz.
Após ser confirmado entre os escolhidos pela comissão técnica da Tuna Luso, André Henrique, 11 anos, ficou ainda mais ansioso. Ele, que é atendido no Polo do Pro Paz que funciona no Iesp (Instituto de Ensino de Segurança do Pará), no município de Marituba, na Região Metropolitana de Belém, queria chegar logo em casa, para contar a novidade aos pais, que não puderam ir ao estádio.
“Meu pai é mecânico e minha mãe não trabalha. Quero chegar logo para contar pra eles que vou jogar na Tuna”, disse André.
O adolescente Higor Christian, 14 anos, foi escolhido pela comissão do Paysandu, clube onde pretende aprimorar seu desempenho na lateral e no meio de campo. “Gosto do Messi (argentino que joga no Barcelona e ganhou da FIFA o troféu de melhor jogador do mundo). Vou aproveitar e me dedicar muito, e não largar esta chance que estou conseguindo no Papão. Afinal, quero seguir carreira para poder ajudar minha mãe”, ressaltou Higor, integrante do Polo Pro Paz no bairro do Benguí, em Belém.
Os 33 selecionados continuarão a ser beneficiados pelo Pro Paz. Aos clubes, cabe agora proporcionar aos meninos a estrutura necessária para desenvolverem suas habilidades.
Após o torneio, os 160 jogadores foram homenageados com medalhas, e os 33 selecionados tiveram seus nomes divulgados e receberam dos representantes dos clubes as camisas oficiais, que a partir do próximo domingo vão defender nas categorias Sub12 e Sub 15.
Fonte: Agência Pará